Um vício chamado e-mail



Em meio a tantas notícias sobre dossiês, assassinatos cruéis, crises imobiliárias e de alimentos, o Shut Down Day, realizado no dia 3 de maio de 2008, mal teve a repercussão que deveria.

O Shut Down Day é o “dia mundial off-line”. Segundo os criadores do movimento, os usuários da tecnologia, viciados em internet, usuários maníacos de Blackberries e remetentes compulsivos de mensagens instantâneas devem retomar o controle de suas vidas ousando se desconectar – nem que seja por apenas um dia.

Mas para muitas pessoas um dia sem internet é um verdadeiro martírio, tamanha a dependência de estarem conectadas 24 horas por dia. Segundo uma pesquisa realizada pela Symantec Corporation, 1 em cada 5 pessoas que entra na categoria “dependente” checa compulsivamente seus e-mails e entra em pânico quando ficam sem acesso à internet.

Lindsey Armstrong, vice-presidente sênior da Symantec Corporation, afirma que os usuários precisam tomar cuidado com a maneira como utilizam e a quantidade de tempo que gastam enviando e recebendo e-mails, para que este importante canal de comunicação não se torne um vício.

Essa recomendação, no entanto, pode ser inútil considerando que, nas empresas entrevistadas pela pesquisa, houve, só em 2005, um aumento médio de 47% no volume de e-mails. O resultado é que mais da metade dos indivíduos gasta hoje mais de duas horas enviando e recebendo mensagens.

Essa “epidemia” de vício em e-mail ocorre devido a múltiplos fatores, diz Lindsey. Um fator bastante relevante – e preocupante – é que, enviado um e-mail, transfere-se a responsabilidade para o destinatário. “Você não viu o e-mail que eu lhe enviei na semana passada? Estava tudo lá” é uma resposta comum entre pessoas que tentam cobrir sua retaguarda com os e-mails que enviam. Segundo o psicólogo empresarial Andrew West, as pessoas alimentam a idéia de que precisam verificar constantemente seus e-mails para “livrar a cara”.

Portanto, atente-se ao alerta: o e-mail é uma ferramenta incrível, mas, usada de maneira abusiva como vem acontecendo, gera muitos problemas para os profissionais e as empresas, como queda de produtividadee estresse decorrente da quantidade de informações recebidas e enviadas.

Se você considera inviável ficar um dia todo desconectado, como propõe o Shut Down Day, procure tomar algumas medidas para evitar o vício em e-mail, como, por exemplo, checar seu correio eletrônico com menos frequência (separe dois ou três momentos durante o turno para isso).

Além disso, lembre-se que o e-mail é um dos canais de comunicação empresarial e não o único. Se você não está convencido disso, siga a orientação do guru Jack Welch:”bons líderes sobem, descem e passeiam pela empresa para se aproximar das pessoas. Não ficam presos aos canais estabelecidos”.

Por Vívian Cristina Rio

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