“No entanto” não é igual a “Tanto”



A coesão se estabelece pelo uso de expressões que permitem relacionar os sentidos das partes do texto. Dentre as inúmeras expressões coesivas, existem duas conjunções que requerem cuidado: “entretanto” e “no entanto”.

Essas expressões sinônimas equivalem a “porém” e “todavia” e estabelecem relação de oposição ou contraste entre ideias. Gramaticalmente, são denominadas conjunções adversativas.

Exs:

O colaborador esteve presente à reunião, no entanto/entretanto não emitiu nenhuma opinião nas discussões.

A empresa está em crise, no entanto/entretanto ninguém foi demitido.

Cabe ressaltar que, embora “entretanto” e “no entanto” sejam sonoramente muito similares à palavra “tanto”, os sentidos diferem consideravelmente. Utiliza-se “tanto” em diversas locuções, como “tanto como”, “tanto quanto”, “tanto que”, entre outras. Mas nenhuma dessas locuções estabelece relação de oposição de ideias, mas sim de complementação, ênfase, quantificação.

Apesar disso, tem se tornado frequente, especialmente na oralidade, o uso de “no entanto” e “entretanto” em vez de locuções com o termo “tanto”.

Exs:

A empresa gostou do funcionário, no entanto lhe ofereceram um salário maior.

A negociação foi tão bem sucedida no entanto que o diretor ofereceu um bônus a todos.

Nessas frases, o uso das expressões “no entanto” está equivocado, pois a relação entre as orações não é de oposição e sim de causa/consequência. Nesse caso, o correto é utilizar a locução composta pelo termo “tanto” (primeiro exemplo) ou apenas substituir o “no entanto” pelo “que” (segundo exemplo).

Exs:

A empresa gostou tanto do funcionário que lhe ofereceram um salário maior.

A negociação foi tão bem sucedida que o diretor ofereceu um bônus a todos.

Por isso, atenção ao uso das conjunções que estabelecem coesão, especialmente, “no entanto” e “entretanto”. Lembre-se de que esses termos estabelecem oposição entre as orações e não são sinônimos de “tanto”.

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